Como é a recuperação do paciente após cirurgia robótica para tratar Câncer de Próstata?

A cirurgia realizada para o câncer de próstata é chamada de prostatectomia radical robótica e tem como objetivo a retirada de toda a próstata e vesículas seminais. Em alguns casos são retirados os linfonodos (gânglios) da pelve o que é chamado linfadenectomia.

A cirurgia tem duração de 1 -4 horas a depender da extensão da cirurgia e dificuldade local e experiência do urologista cirurgião robótico que está fazendo a cirurgia.

Quando falamos em recuperação da cirurgia de próstata temos 3 momentos mais importantes:

Recuperação do pós-operatório imediato no Hospital, pós-operatório em casa e Pós-operatório após retirar a sonda.

  1. Pós-operatório

1 A) Imediato: Saindo da cirurgia

Ao final da cirurgia o paciente sai da sala de cirurgia e vai para uma sala chamada Recuperação Pós Anestésica ( RPA)  nas seguintes condições:

– Pouco sonolento pelo efeito das medicações usadas na anestesia da cirurgia

– O rosto pode estar mais inchado que o habitual. Isso porque o paciente fica inclinado com a cabeça mais para baixo em relação aos pés durante a cirurgia.

– Acessos na veia (normalmente da mão ou na dobra do braço) recebendo soro com medicações.

– Com sonda vesical (um pequeno tubo de borracha que está dentro da uretra – também conhecido como canal da urina) . A parte interna está na bexiga e a parte externa conectada a um outro tubo que irá chegar a um saco plástico chamado saco coletor.

– Com 6 cortes pequenos na barriga. O maior deles acima do umbigo que é por onde se retira a próstata. Todos os cortes estão cobertos por curativo.

– Meia elástica

– Eventualmente (em situações específicas) com um tubo de plástico que chamamos de dreno em um desses cortes, normalmente um corte mais lateral da barriga.

O paciente fica nessa sala de recuperação conectado a uma série de aparelhos até que as medicações anestésicas diminuam o seu efeito a ponto de o paciente estar bem acordado e lúcido. Nessa situação vai para o quarto.

1 B) Estando no quarto do Hospital

A rotina habitual é receber uma dieta leve e, quando estiver em boas condições (acordado, conversando, bem orientado, sem dor) já caminhar no quarto ou no corredor do hospital. Isso auxilia na prevenção de trombose nas pernas e estimula o intestino a funcionar.

Em 24 a 48 horas da cirurgia é esperado paciente comer, tomar banho, caminhar, soltar os gases intestinais sem dor, sem febre, urinando bem e sem outras complicações.

Tendo essa evolução recebe alta para casa com orientação de como tomar os remédios e cuidados com a sonda e o saco coletor.

2. Pós operatório em casa após alta do hospital

Chegando em casa o paciente deve se preocupar com os seguintes itens:

Medicações: Seguir medicações conforme prescrição. Habitualmente remédios para dor e anticoagulante (Clexane) que é uma injeção que o paciente aplica na barriga.

Hidratação e Deambulação: Não é recomendado ficar deitado o dia todo. A orientação é ficar ativo, caminhando ou sentado. Beber bastante líquido para produzir urina e diminuir risco de trombose.

Cuidados com a sonda: Entender como esvaziar o saco coletor e que não pode colocar o saco coletor acima da linha de cintura (quando isso ocorre a urina do coletor pode voltar para a bexiga). Situações eventuais que fazem parte da normalidade:

  1. “É normal” sair uma secreção parecido com um catarro ao redor da sonda junto ao pênis
  2. “É normal” sair um pouco de urina ao redor da sonda principalmente quando tem vontade de urinar
  3. “É normal” ter vontade de urinar estando com sonda. A sonda irrita a bexiga que sensibilizada causa a vontade de urinar. Repare se a urina está saindo e enchendo o saco coletor. Se isso estiver acontecendo é apenas uma sensação. Se não estiver enchendo o coletor, ou seja, se a urina não estiver mesmo saindo contate seu médico.

Esforço Físico: evite esforços exagerados por 30 dias para não abrir a sutura interna do corte principalmente acima do umbigo e causar uma Hérnia nesse local.

Pode ter um ou outro local com a pele mais arroxeada. Se isso acontecer repare se não está aumentando de tamanho e contate o médico.

Cuidados com os cortes: manter o curativo fechado conforme orientação do médico.

Alimentação: Dieta leve evitando comidas gordurosas principalmente nos primeiros dias e até conseguir evacuar sem problemas.

Retorno com o médico

Avaliação da evolução, retirada da sonda no próprio consultório, discussão do resultado do exame da próstata chamado Anátomo Patológico.

Daí se inicia a próxima fase

3. Pós operatório após retirada da Sonda

Após a retirada da sonda a recuperação do paciente tem 3 objetivos:

Avaliação do resultado Oncológico e  Funcional  incluindo reabilitação da continência urinária, reabilitação da potência- ereção.

  1. Seguimento Oncológico:

Existem diferentes formas de acompanhar a evolução do paciente após a cirurgia. Uma das mais usadas é solicitar exame de PSA (exame de sangue) em intervalos de tempo crescentes:

6 ,12, 24,36,60,84 semanas e depois 1 vez ao ano. Isso se o PSA estiver nos valores esperados próximos a zero. Se o PSA estiver subindo, principalmente se tiver acima de 0,2ng/mL o paciente deverá discutir com o médico Urologista sobre a possibilidade de tratamento complementar a cirurgia.

  • Reabilitação da potência:

A cirurgia de prostatectomia radical robótica tem como vantagem a melhor preservação dos nervos responsáveis pela ereção. No entanto, é importante ressaltar que mesmo com essa preservação dos nervos é esperada a piora da ereção nos primeiros meses após a cirurgia.

O tempo de recuperação varia de pessoa para pessoa a depender da condição de preservação dos nervos, da condição clínica do paciente, da ereção prévia a cirurgia, medicações que toma, dentre outros.

Existe uma série de protocolos de reabilitação peniana com objetivo de acelerar essa recuperação que inclui medicações via oral e eventualmente injetáveis.

  • Reabilitação continência:

 Após a retirada da sonda é comum os pacientes perderem urina na roupa (incontinência urinária), principalmente aos esforços, ou seja, quando tosse, espirra ou se levanta da cadeira.

A cirurgia robótica traz benefício nesse aspecto por lesar muito menos estruturas sobretudo o esfíncter externo responsável por controlar a urina.

Os pacientes que fazem cirurgia robótica ficam continentes mais rápido que os pacientes que foram submetidos a cirurgia tradicional – aberta.

Dessa forma o esperado é melhorar a capacidade de controlar a urina com o tempo. O número de semanas/ meses para isso ocorrer depende da idade do paciente, condição física, medicações que toma e aspectos técnicos da cirurgia.

 Alguns exercícios de contração do esfíncter da continência podem auxiliar e acelerar esse processo. Nos casos mais leves isso pode ser feito pelo paciente com orientação do médico e nos casos mais severos uma fisioterapeuta do assoalho pélvico pode ajudar.

O objetivo final da cirurgia robótica para no tratamento do Câncer de Próstata é o controle do Câncer – cura- e recuperação completa da continência e potência semelhante ao que o paciente apresentava antes da cirurgia.

Dr. Fábio Ortega

Urologista e Cirurgião Robótico

Graduação, Residência de Cirurgia Geral e Urologia na Faculdade de Medicina da USP.

Doutorado em Urologia pela Faculdade de Medicina da USP.

Especialização em Cirurgia Robótica no Institut Mutualiste Montsouris – Paris, França, e Florida Hospital Celebration Health – Celebration, Estados Unidos.
Proctor (Professor/Instrutor) de Cirurgia Robótica.

Fundador de uma das maiores mídias de saúde do Brasil: Doutor Ajuda.

Consultas presenciais em São Paulo e Campinas | Telemedicina

FORMAÇÃO ACADÊMICA

Graduação – Faculdade de Medicina da USP – ano 2003

Residência de Cirurgia Geral e Urologia – Hospital das Clínicas Faculdade de Medicina da USP – 2004-2009

Doutorado em Urologia pela Faculdade de Medicina da USP – 2015-2019

ESPECIALIZAÇÃO INTERNACIONAL EM CIRURGIA ROBÓTICA

Fellow (Especialização) em Cirurgia Robótica e Cirurgias Minimamente Invasiva no Institut Mutualiste Montsouris – Paris (França) no ano de 2010-2011.

Fellow (Especialização) em Cirurgia Robótica no Florida Hospital Celebration Health – Celebration (Estados Unidos) no ano de 2011.

MÉDICO DO GRUPO DE URO-ONCOLOGIA DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP.

Área de atuação:

– Câncer de Próstata
– Câncer de Rim
– Câncer de Bexiga
– Câncer de Testículo
– Câncer de Adrenal
– Câncer de Pênis
– Câncer de Ureter (2009 a 2017)

Médico Assistente do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (2009 até 2017).

Área de atuação:

– Câncer de Próstata
– Câncer de Rim
– Câncer de Bexiga
– Câncer de Testículo
– Câncer de Adrenal
– Câncer de Pênis